Todos os dias, uma cena se repete e já faz parte do cotidiano de quem vive na Baixada Santista. Seja de dia ou à noite, os coletores da Terracom percorrem as ruas recolhendo sacos e mais sacos de resíduos domiciliares descartados pelos moradores das cidades atendidas pela empresa. O objetivo é deixar tudo limpo e oferecer cada vez mais qualidade de vida à população.
Mas, infelizmente, os resíduos não estão apenas em ‘terra firme’. O descarte incorreto, cada vez mais frequente no planeta, traz sérias consequências ao Meio Ambiente. Para tentar diminuir esse impacto nocivo do homem no mar, a Terracom e a Prefeitura de Santos firmaram uma parceria para coleta dos detritos que se acumulam na maré, comprometem o ecossistema e, por consequência, vão parar na faixa de areia.
A coleta dos resíduos flutuantes teve início em 28 de maio com a introdução de um barco do tipo catamarã, com motor de polpa, no espelho d’água nos entornos do Largo da Pompeba, Vila dos Pescadores e Vila dos Criadores. Há um mês operação, os resultados já comprovam a necessidade do serviço, foram coletados 12.570 quilos de resíduos sólidos flutuantes, ou seja, mais de 12 toneladas de lixo deixou de poluir o ambiente marinho e de comprometer a vida dos animais aquáticos que vivem neste ecossistema.
O Ecoboat, como é chamado, atua durante 7 horas de operação diária e tem capacidade para coletar e armazenar até 3,5 m³ de resíduos por viagem. O mais importante é que ele se encarrega do encaminhamento até a destinação final do material recolhido, que segue aos cuidados da Terracom para uma estação de transbordo e, posteriormente, para o Centro de Gerenciamento de Resíduos Terrestre Ambiental, em Santos.
Com uma média diária de coleta da ordem de 570 quilos de resíduos, o serviço funcionar de segunda a sábado e, de acordo com o engenheiro Antonio de Mello Neto, diretor de Operações da Terracom, a expectativa é contribuir com o Meio Ambiente e gerar mais qualidade de vida para a população. “Esperamos que a areia da praia fique muito mais limpa, pois estamos fazendo a coleta do material antecipadamente”.
O engenheiro agrônomo da Secretaria de Governo, Marco Aurélio Neves da Silva, assessor da Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura de Santos explica que a demanda surgiu após constatação de que a presença desses resíduos na faixa de areia estavam aumentando, motivada pelo descarte incorreto. “Temos garrafas pets, material reciclado dos mais variados, restos de móveis, sacolas e muitos outros objetos”.
De acordo com o relatório da Ecoboat – Soluções Ambientais, realizado durante o mês de junho para melhor reconhecimento de área, entendimento da maré, integração da equipe e estudo da sazonalidade dos resíduos, já é possível traçar um perfil da região. No documento foram observados alguns pontos em destaque como: presença predominante de resíduos orgânicos; grande volume de madeiras e resíduos plásticos fragmentados, principalmente PET.
Além disso, a pesquisa mostrou que no período de maré morta, com baixa variação de nível de maré, a presença de resíduos é drasticamente reduzida no espelho d’água. Já o aumento significativo deste volume ocorre com altas variações de maré, quando há o desprendimento frequente destes resíduos das margens/manguezais para o espelho d’água da área de atuação do Ecoboat.
Sobre a Ecoboat: tem projeto naval patenteado pelo Engenheiro Maurício Piquet e atuação em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. A empresa já recolheu mais de 900 toneladas de resíduos do Rio Pinheiros, em São Paulo e mais de 1500 toneladas na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro.